sábado, 29 de maio de 2010

Ganhem dinheiro em cima da tragédia humana

Vou contar um caso a vocês. A frase “se não fosse cômico, seria trágico” não pode, de forma alguma, ser associada a esse caso, porque ele é VERDADEIRAMENTE trágico.

Eu e minha amiga L. estávamos na faculdade batendo o maior papo antes das nossas aulas começarem. De repente, percebemos que havia chegado o horário das aulas e nos dirigimos ao Instituto para pegarmos os nossos pertences e materiais . Nesse instante, resolvi passar na copiadora e pegar uns exercícios que havia deixado por lá.
A amiga L. preferiu adiantar e pediu a minha chave emprestada para abrir a porta da sala do nosso projeto de pesquisa. Havia duas chaves no meu chaveiro. Certamente, a minha amiga L. deve ter pensado como eu pensaria: vou tentar abrir com uma, caso eu não consiga, só poderá ser a outra. Ela só não contava com dois imprevistos (assim como eu também não contaria): primeiro, o de que a chave errada poderia caber perfeitamente na fechadura, mesmo que não girasse para poder abrir a porta; e segundo, o de que a chave não sairia facilmente.

Pronto! Foi um desespero de vida! A chave encravada na porta, todos os nossos pertences presos, e as nossas aulas atrasadas! Os alunos delas iriam apresentar um seminário e os meus iriam assistir aula de revisão para a prova! O desespero dobrava a cada segundo!

De repente, lembramos que na porta da universidade há a barraquinha de um chaveiro. Fomos até lá na esperança de encontrá-lo às 19h da noite. Não o encontramos, mas como Deus é maravilhoso, havia uma placa que informava o número do celular do chaveiro e a sua disponibilidade por 24hs.

Ficamos super felizes!!! Ligamos, explicamos a situação ao senhor e, evidentemente, perguntamos o preço do serviço. O senhor (que até então havia sido tão simpático) nos informou que cobrava o valor de 50 reais APENAS para ver qual era o problema e que se precisasse de algo mais o valor aumentaria.

Ficamos em estado de choque!!! Mas não havia outra solução.

Então, o senhor (não mais simpático) foi até o local, retirou a chave e desempenou o miolo da fechadura. Ele fez isso em dois segundos e da maneira mais leve e simples que vocês puderem imaginar.

Um professor que estava acompanhado o nosso desesperou virou e disse: a vida moderna ganha dinheiro em cima da tragédia humana, não sabiam?

Foi aí que parei para pensar no assunto. O chaveiro nos cobrou 50 reais para retirar uma chave da fechadura; a maioria dos psicólogos (os camaradas) cobram 50 reais por uma hora de consulta para você se sentir um pouco melhor... e assim por diante!

Diante disso, comecei a pensar que posso ganahr muito dinheiro em cima das mães que me ligam desesperadamente no final do ano com medo dos seus filhos serem reprovados. Por que não havia pensado nisso antes? Prometi a mim mesma que não deixarei o meu coração falar mais alto e cobrarei 50 reais, no mínimo, para avaliar o problema do aluno, e a depender do que for diagnosticado, o valor aumentará significativamente (tudo isso somado à distância, à dificuldade de deslocamento, aos estranhos horários, etc.)
Como não sou egoísta, resolvi, então, compartilhar com vocês essa ideia (que não foi minha) e lançar oficialmente a campanha: ganhem dinheiro em cima da tragédia humana!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Como reconhecer um louco?


Ela estava no ônibus um tanto pensativa: “será que estou louca? será que tudo o que sinto é extremamente normal? qual o limite entre a loucura e a normalidade?”
E nisso... eis que surge uma figura masculina um tanto esquisita na porta da frente do ônibus.
Como costuma atrair pessoas estranhas, pensou: “ele vai sentar ao meu lado”. Ela rezou para que isso não acontecesse; mas foi em vão. Ele sentou-se justamente ao seu lado. E o pior: puxou conversa!!!
Ele:
- Bom dia, eu tô aqui retado!
Ela sorriu.
Ele:
- Pô, faz um tempão que minha mãe não compra o meu remédio controlado.
Ela tremeu.
Ele:
-Imagine! Eu preciso do remédio e ela não compra. Já tem mais de um mês que não tomo Ela mesma que me internou como louco em 1994. Agora não posso ficar sem o remédio. Ela é ruim, mas agora ela tá pagando, porque eu trabalho e moro na Linha Verde; falo várias línguas; e ela mora aqui na favela.
Ela, apesar do medo, não conseguiu disfarçar a revolta. O que ele havia chamado de favela, era o seu humilde e simpático bairro. Olhou com raiva para ele, mas lembrou-se de que não podia contrariá-lo, afinal de contas ele tomava remédio controlado e já havia sido internado como louco.
Ele:
- Desculpa o cheiro, o suor, mas não deu tempo tomar banho; vou abrir a janela pra você.
Ela pensou: “mas eu não estou sentindo calor; e o meu cabelo???? Isso é um absurdo!”.
Mas constatou que absurdo maior era ele passar o braço, que não estava muito cheiroso, por cima do seu rosto.
O clima não estava nada bom, até que ele SURPREENDENTEMENTE elogiou as unhas dela:
- Suas unhas estão lindas!
Ela não se conteve. Ficou em estado de graça! De imediato, surgiu o pensamento: “qual o limite entre a loucura e a normalidade?”
Ela parou para pensar que há muito tempo alguém (aparentemente) normal não elogiava as suas unhas. No entanto, aquele rapaz que tomava remédio controlado e que já foi internado como louco conseguiu perceber e exteriorizar isso.
Achou aquela cena linda e sorriu. Ela, assim como ele, também havia achado as unhas lindas. Estava radiante de alegria, quando foi tomada de súbito por um outro comentário do seu companheiro de viagem:
- Nossa, as ruas estão cheias de carros! Olha só o engarrafamento!
Ela estendeu um pouco a cabeça e olhou.
Ele perguntou:
- Sabe por que isso?
Ela:
- Não!
Ele:
- É culpa do IPI reduzido!
Ela ficou em estado de choque!!!!!!!Um louco sabia que o IPI reduzido havia movimentado a indústria automobilística. Ela, assim como ele, sabia disso.
Em seguida, ele pediu o ponto e desceu, pedindo desculpas por tê-la incomodado durante a viagem. Ou seja: ele tinha noção das regrinhas básicas de educação.
Ela permaneceu em estado de choque!!!!!! Não sabia mais como estabelecer parâmetros para distinguir um louco de uma pessoa normal. Essa constatação agravou a sua crise de início de viagem. Sentia uma vozinha atormentado os seus pensamentos: você é louca! o que diferencia ele de você?
Ela, não aceitando compartilhar desse pensamento um tanto absurdo, sussurou:
- Talvez o cheiro, afinal de contas, eu estou cheirosa, e ele não!!!! Pronto, isso é o suficiente! Não, não é! Um simples banho resolve! Então, como reconhecer um louco?
PS: A resposta deve levar em conta o grau de loucura acima do normal, entendem? Por favor, ajudem-me!